Conta-se que um dia um homem parou na frente do pequeno
bar, tirou do bolso um metro, mediu a porta e falou em voz alta: “dois metros
de altura por oitenta centímetros de largura”. Admirado, mediu-a de novo. E
assim tornou a medi-la varias vezes.
Curiosas, as pessoas que por ali passavam começaram a parar. Voltando-se para
os curiosos o homem exclamou: “parece mentira! Esta porta mede apenas dois
metros de altura e oitenta centímetros de largura. No entanto, por ela passou
todo o meu dinheiro, meu carro, o pão dos meus filhos; passaram os meus
móveis, a minha casa com terreno. E não só os bens materiais. Por ela também
passou minha saúde, passaram as esperanças da minha esposa, passou toda a
felicidade do meu lar... Além disso, passou também a minha dignidade, a minha
honra, os meus sonhos, meus planos...”
“Sim senhores, todos os meus planos de construir uma família feliz passaram
por esta porta, dia após dia... gole por gole. Hoje eu não tenho mais nada...
nem família, nem saúde, nem esperança. Mas quando eu passo pela frente desta
porta, ainda ouço o chamado daquela que é a responsável pela minha
desgraça... Ela ainda me chama insistentemente... Só mais um trago! Só hoje!
Uma dose, apenas! E mais uma vez eu caia na armadilha dizendo comigo mesmo:
Quando eu quiser, eu paro!”
“Isso é o que muita gente pensa, mas só pensa... Eu comecei com um cálice,
mas hoje a bebida me dominou por completo. Hoje eu sou um trapo humano... e a
bebida, bem, a bebida continua fazendo vítimas. Por isso é que eu lhes digo,
senhores: esta porta é a porta mais larga do mundo! Ela tem enganado muita
gente. Hoje eu sei dos malefícios do álcool, mas muita gente ainda não sabe.
Ou, se sabe, finge que não, para não admitir que esta sob o jugo da bebida. E
o que é pior, têm esse maldito veneno, destruidor de vidas, dentro do próprio
lar, à disposição dos filhos”.
“Ah, se os senhores soubessem o inferno que é ter a vida destruída pelo
vicio, certamente passariam longe dele e protegeriam sua família contra suas
ameaças”.
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